O nome de Priscila é mencionado seis vezes na Bíblia Sagrada,
e em quatro dessas ocasiões a citação de
seu nome ocorre antes de Áquila, talvez indicando que Priscila era elemento de
maior proeminência na igreja local. Em II Timóteo 4:19 – e em Rm 16 :4,
conforme os melhores manuscritos –, Paulo a chama de Prisca, enquanto Lucas, em
Atos, prefere o diminutivo Priscila . Depois disto, deixando Paulo Atenas,
partiu para Corinto. Lá, encontrou certo judeu chamado Áquila, natural do
Ponto, recentemente chegado da Itália, com Priscila, sua mulher, em vista de
ter Cláudio decretado que todos os judeus se retirassem de Roma. Paulo aproximou-se
deles. Eu pretendo aqui realçar a maravilhosa obra que Deus realizou na vida de
Priscila, transformando-a numa das mulheres mais relevantes do Novo Testamento.
Sem dúvida, ela foi uma pessoa que, com seu esposo, Áquila, se constituiu na
mais importante cooperadora do apóstolo Paulo, homem escolhido por Jesus para
um vigoroso e vitorioso ministério cristão. Com sua cooperação, Deus fez nascer
duas igrejas importantes: Corinto e Éfeso. Através dela, Deus salvou Paulo de
morrer prematuramente. Através dela, um grande pregador da Palavra, Apolo, teve
seu entendimento do evangelho totalmente reestruturado. Através dela, Deus
mostrou ao mundo o valor e a importância da cooperação para o progresso de seu
reino na terra. O que a Bíblia diz sobre Priscila Paulo mandou saudações para
vocês, disse Timóteo a Priscila e Áquila, depois de ter lido uma das cartas
enviadas pelo apóstolo a ele. A mente de Priscila viaja no tempo: lembra o dia
em que seu marido e ela se encontraram com Paulo, em Corinto, pela primeira
vez. Desde então, os três missionários viveram incríveis experiências com Deus.
Em certa ocasião, na cidade de Éfeso, Priscila viu uma irada multidão voltar-se
contra Paulo. A pregação cristocêntrica do apóstolo abalara a cidade de tal
maneira que muitos dos que creram vinham e confessavam publicamente as coisas
más que haviam feito . Daqueles novos convertidos, muitos eram feiticeiros Priscila
os viu abandonarem a feitiçaria, a magia, a idolatria, queimarem seus livros,
deixarem as estátuas de Diana e trocarem-nas por Jesus Cristo. Ela viu que de
maneira poderosa, a mensagem do Senhor era anunciada e se espalhava cada vez
mais A cooperadora de Paulo viu diminuir muito o interesse pelo templo pagão de
Diana, pelas romarias, pela compra de “santinhos”, por imagens de ídolos. A
economia que girava em torno da idolatria sofrera forte abalo. Como esquecer
daquele dia em que Demétrios, um dos homens que mais lucrava com a falsa
espiritualidade, partiu para o ataque a Paulo? Este senhor idólatra jogou toda
a sua influência contra o apóstolo, dizendo ao povo: Senhores, sabeis que deste
ofício vem a nossa prosperidade e estais vendo e ouvindo que este Paulo tem
persuadido e desencaminhado muita gente, afirmando não serem deuses os que são
feitos por mãos humanas . A multidão se enfureceu e começou a gritar: Grande é
a Diana dos efésios! Priscila soube de todos esses acontecimentos, com grande
apreensão, e, com Áquila, provavelmente convenceu o apóstolo a não ir ao teatro
da cidade para discutir com a massa alucinada. A cidade tornou-se uma grande
confusão, mas Deus livrou Paulo de ser linchado. Antes dessa tensa experiência,
porém, Priscila havia presenciado uma cena insólita: viu um homem endemoninhado
dar uma surra em sete homens espiritualmente despreparados, filhos do sacerdote
Ceva. Eles tentaram libertar o possesso usando a autoridade de Paulo; disseram
ao demônio: Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega. E a resposta do demônio foi esta: Conheço a
Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois? Em seguida, o homem que estava
dominado pelo espírito mau os atacou e bateu neles com tanta violência, que
eles fugiram daquela casa feridos e com as roupas rasgadas . Ah, se fosse com
Paulo, talvez Priscila tivesse pensado em silêncio. Ela via tudo, conhecia,
aprendia, crescia, amadurecia na fé. Logo entenderia que a verdadeira fé cristã
sofre constantes e graves ataques. Na verdade, o desenvolvimento da fé desta
importante mulher sempre se deu num ambiente de total conflito. Ela conheceu a
Cristo na cidade de Roma, mas logo teve de sair de lá às pressas, em vista de
ter Cláudio decretado que todos os judeus se retirassem de Roma . De repente,
Priscila teve de deixar tudo para trás. Champlin sugere que seria bem “possível
que por intermédio deles Priscila e Áquila Paulo sentiu responsabilidade por Roma, como
um lugar até onde deveria alcançar o seu ministério”. De fato, Paulo terminou
sua carreira em Roma, onde pregou e foi morto Naquele momento, porém, Priscila
e Áquila estavam fugindo de Roma para Corinto, cidade para onde Paulo foi,
depois de ter deixado Atenas. Lá, o apóstolo encontrou-se com Áquila, natural
do Ponto, recentemente chegado da Itália, com Priscila, sua mulher O fato de
terem a mesma profissão facilitou a aproximação de Paulo, que passou a morar
com eles e ali trabalhava, pois a profissão deles era fazer tendas Em Corinto,
a vida dos três missionários não foi nada fácil; a cidade era um grande centro
comercial, um lugar onde a liberdade se misturava com a licenciosidade, a
imoralidade, os vícios, a idolatria, o pecado. Gardner diz que, embora vários
deuses fossem adorados em Corinto, nenhum era tão popular como Afrodite, a
deusa grega do amor, cujo templo, em certa época, gabava-se de possuir mais de
mil prostitutas sagradas. Prostituição e religião andavam de mãos dadas. Em
todo o império romano, a frase ‘mulher de Corinto’ era apenas outro nome para
‘prostituta’. Olhando humanamente para esse cenário, pode-se dizer que Corinto
seria um lugar totalmente impróprio para um novo convertido, como Priscila,
amadurecer na fé. Contudo, foi para essa cidade que Deus a enviou. Durante a
semana, os três faziam tendas; chegado o sábado, iam à sinagoga; lá, Priscila
via e ouvia Paulo pregar e ensinar o evangelho de Cristo. Que privilégio! Com
grande ousadia e sabedoria divina, o apóstolo persuadia tanto judeus como
gregos Priscila ficou impressionada com a competência espiritual daquele homem.
Ela viu que Paulo se entregou totalmente à palavra, testemunhando aos judeus
que o Cristo é Jesus Ela gravou na mente que o segredo da mensagem poderosa de
Paulo era a pregação e o ensino centralizados em Jesus Cristo. Era a partir de
Cristo que ele discorria sobre os demais assuntos da fé cristã. Cristo era
sempre a base, o alicerce e a origem de suas palavras poderosas. Enquanto a
cidade de Corinto ardia e se desintegrava no pecado, Deus cuidava da sua nova
convertida, enchendo-a, semanalmente, com o poderoso evangelho de Jesus Cristo.
Porém, cedo Priscila viu o quanto a verdade é rejeitada com facilidade. Os
judeus não apenas se opuseram à sã doutrina, mas também blasfemaram contra a
verdade, a ponto de Paulo lhes dizer: Sobre a vossa cabeça, o vosso sangue! Eu
dele estou limpo e, desde agora, vou para os gentios . Mas ela viu, também, que
a palavra de Deus não volta vazia: Crispo, o principal da sinagoga, creu no
Senhor, com toda a sua casa; também muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram
batizados Priscila estava envolvida num grande aprendizado espiritual. Durante
um ano e seis meses, Paulo ensinou a palavra de Deus em Corinto Priscila
aproveitou cada momento; mas, também, por muitas vezes, viu os judeus se
levantarem contra Paulo, viu-os levarem o apóstolo às barras do tribunal, e viu
Sóstenes, o líder da sinagoga, ser espancado pelos judeus, diante do tribunal Priscila, ali, testemunhou cada situação.
Muitos homens, companheiros de Paulo, ao verem situações semelhantes a essas,
abandonaram-no, traíram-no, deixaram-no, com medo de morrer. Mas, Priscila e seu marido não abandonaram o
homem que Deus colocara em suas vidas como instrumento poderoso, pelo qual a
maravilhosa graça de Deus se manifestara, de forma gloriosa e tremenda. Mais
tarde, ao que tudo indica, quando Priscila e Áquila voltaram a morar em Roma, o
próprio Paulo reconheceu que o casal arriscara a própria vida para protegê-lo
da morte: Saudai Priscila e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus, os quais
pela minha vida arriscaram a sua própria cabeça; e isto lhes agradeço Eles
arriscaram a sua vida por mim. Sou muito agradecido a eles . Ocorre que, quanto
mais o evangelho entrava e dominava a mente e o coração de Priscila, mais ela
ia se tornando cúmplice da verdade; de tal forma ela se sentia comprometida com
Cristo e sua palavra que decidiu deixar Corinto e seguir com seu marido para a
Síria, como cooperadores de Paulo. Por sua vez, o apóstolo, depois de ter
pregado, por quase três anos, em Éfeso seguiu viagem para Cesaréia, Jerusalém e
Antioquia deixando Priscila e Áquila em Éfeso , demonstrando ter total
confiança no casal, quanto à pureza na conduta e na doutrina. O apóstolo
entendeu que o casal, especialmente Priscila, já tinha condições de “andar com
as próprias pernas”, de testemunhar de Jesus com ousadia, e até, se fosse
preciso, de morrer por Cristo. O apóstolo estava certo: em Éfeso uma igreja
havia nascido, na casa de Priscila e Áquila. Ela arrumou a sala, se preparou
espiritualmente, abriu a sua casa para a pregação do evangelho de Cristo. A
capacidade de cooperação dessa missionária de Deus era ilimitada. Certa vez,
chegou a Éfeso um judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo, homem eloqüente
e poderoso nas Escrituras). Ela prestou atenção no conteúdo da mensagem,
analisou a linha de argumentação do pregador, e concluiu que Apolo só havia
entendido uma parte do evangelho: ele era eloqüente e poderoso nas Escrituras,
instruído no caminho do Senhor, ensinava com precisão a respeito de Jesus,
porém conhecia somente o batismo de João Em outras palavras, Apolo pregava
baseado na visão de João Batista, cuja principal missão era ser o precursor de
Jesus, o que fizera com êxito. Apolo, portanto, precisava atualizar sua
pregação, mostrar a seus ouvintes um Jesus pós-João Batista, ou seja, um
Salvador que se encarnara, morrera, ressuscitara, que está vivo, à direita de
Deus, e voltará para buscar os que nele crêem e lhe obedecem. Diante dessa
necessidade urgente, entrou em cena a cooperadora de Deus. Ela e Áquila
ensinaram a Apolo o que ele não sabia a respeito da mensagem bíblica,
instruíram-no na fé, tiraram-lhe as inadequações teológicas e devolveram-no ao
campo missionário Gardner diz que Priscila e Áquila fizeram um trabalho tão bom
com Apolo que “os crentes de Éfeso enviaram eventualmente o pregador talentoso
a Corinto, onde ele continuou a obra iniciada por Paulo” De fato, fizeram um
trabalho eficiente, pois a Bíblia declara que Apolo com argumentos fortes,
derrotava os judeus nas discussões públicas, provando pelas Escrituras Sagradas
que Jesus é o Messias. Priscila e Áquila deram exemplo de como um homem e uma
mulher podem servir juntos a Cristo, sendo obreiros de valor no seio de sua
igreja. Priscila e Áquila foram, seguramente, os mais importantes amigos de
Paulo. Por eles, o apóstolo demonstrava profunda afetividade e gratidão; a
recíproca era verdadeira. Priscila ajudou, auxiliou, cooperou com o apóstolo de
Cristo no estabelecimento de duas das mais importantes igrejas da Ásia: Corinto
e Éfeso. Num tempo em que pregar Jesus era perigosíssimo, Priscila e seu marido
arriscaram a vida pelo evangelho e por Paulo. Por tudo isso, é seguro dizer que
Priscila foi uma mulher espiritualmente madura, cujos dons a capacitavam para a
liderança pondo sua vida em perigo em
prol do evangelho que amava. Lições que aprendemos da vida de Priscila A mulher
cristã cooperadora faz diferença em qualquer posição ou situação. Não sabemos,
exatamente, qual era a verdadeira função de Priscila na igreja local. Contudo,
sabemos que ela desenvolveu um papel relevante. O simples fato “de seu nome
aparecer sempre junto com o do marido nos diz algo: era uma discípula valiosa,
alguém que fez diferença na vida de Paulo e em seu mundo”. Que função tem você,
irmã, na igreja local? Tendo ou não alguma função, sendo ou não relevante aos
homens o que você faz, esteja certa: seu trabalho é importantíssimo para Deus
Se você coopera com algo bom, você é uma mulher que faz a diferença. Cada
tarefa, “não importa se pequena ou grande, tem importância na pregação do
evangelho. Você faz parte da comunidade de sua igreja, e Deus promete usá-la”.
O Senhor pode fazer com você o que fez com Evódia e Síntique, Pois elas, junto com
Clemente e todos os outros companheiros
de Paulo, trabalharam muito para espalhar o evangelho. Os nomes deles estão no
Livro da Vida, que pertence a Deus (Fl 4:3).A mulher cristã cooperadora conhece
o evangelho de Cristo. Quando Apolo começou a pregar, na sinagoga de Éfeso,
logo Priscila fixou a mente no que ele falava. O homem era persuasivo, daqueles
que dominam o público com facilidade. Tratava-se de um homem carismático, cuja
forma de falar encantava os ouvintes mais do que o conteúdo de sua fala. Ele
tinha todos os ingredientes para seduzir a platéia, pois sendo fervoroso de
espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus Todos os ouvintes
se impressionavam com a mensagem de Apolo, exceto Priscila e seu esposo. Ela
percebeu que, por trás daquele sermão encantador, faltava raiz bíblica,
verdades eternas, alicerces escriturísticos. Priscila era uma mulher que via,
percebia, analisava, pensava, raciocinava. Priscila conhecia Deus, conhecia a
Cristo e sua palavra; era cheia do Espírito Santo, mas não desprezava o
conhecimento do evangelho; era mulher estudiosa da Bíblia. Como seria bom ouvi-la
pregando hoje! Deus, porém, pode fazer de você uma pessoa com conhecimento
bíblico acima da média, apta para pregar e ensinar a Palavra. Deus pode dotá-la
de um conhecimento bíblico profundo, para que você possa ajudar pessoas a
compreenderem melhor as verdades eternas mulher cristã cooperadora abre sua casa para a
pregação do evangelho de Cristo. Deus usou Paulo para treinar Priscila, na
doutrina e na conduta sã; Deus usou Priscila para ajudar Paulo na pregação, no
pastoreio e no companheirismo ministerial. Priscila amadureceu na fé, tornou-se
um modelo de mulher cristã. Com o coração ardendo de amor por Jesus e sua
palavra, ela abriu sua casa para Deus. Da sala de sua casa, nasceu uma das
igrejas mais vigorosas e importantes da história do Cristianismo: a igreja de
Éfeso, que nasceu e se expandiu porque fora alicerçada no amor e no evangelho
de Cristo. Quatro a cinco décadas mais tarde, quando Priscila e Áquila,
provavelmente, já, estavam em Roma, Jesus mandou uma carta à igreja de Éfeso,
elogiando-a por suas boas obras, perseverança, sofrimentos, provas,
discernimento quanto aos falsos pastores e mestres, mas alertando-a sobre um
problema: havia abandonado o primeiro amor, aquele amor imprimido por Paulo,
Priscila e Áquila. E Jesus a admoesta a voltar a esse amor (Ap 2:1-7). Quem
imaginaria que, da sala de uma casa, nasceria uma grande igreja, capaz de
merecer uma carta de Jesus? O lugar onde você mora, irmã, não importa o tamanho
nem a estrutura, pode ser o embrião de um grande e glorioso projeto de Deus. Seja
uma cooperadora de valor: abra sua casa para Jesus Ao conhecermos Priscila com
um pouco mais de profundidade, talvez a melhor maneira de agradecer a Deus seja
orar pedindo-lhe que não nos permita ser pessoas estagnadas, paralisadas,
inertes. Nós, que já fomos alcançados pelo amor e pela palavra de Cristo,
devemos confessar nossa fé nele, não apenas com palavras, mas, principalmente,
com atos; devemos, também, pedir a Deus que nos ajude a sermos como Priscila,
mulher notável, cuja fé cresceu, apesar das perseguições e das circunstâncias
da vida. Que, como ela, nós possamos fazer a diferença em qualquer situação,
conhecer a palavra de Deus, com profundidade, e auxiliar muitos irmãos a
entenderem o evangelho de Cristo, de maneira integral, dentro e fora de nossa
casa.Que Deus nos abençoe e guarde!
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